quarta-feira, dezembro 02, 2009

um olhar e uma música no ar...

Assistir a "Ne Change Rien" é um prazer no seu estado mais puro. Pedro Costa apresenta-nos uma sucessão de momentos intensos, a preto e branco, que retratam o por trás da música, o por trás dos concertos, o por trás do que ouvimos nos discos. Todo o processo onde a vida acontece e a música se faz, se cria, se experimenta uma e outra vez até sair bem, ou pelo menos ao gosto de quem a faz. Neste caso específico, a vida acontece num estúdio de som, num camarim, num espaço para ensaios, e é a vida de Jeanne Balibar, a actriz, a cantora, que é apanhada pelas câmaras. Parece tão simples, parece que basta deixar as câmaras num local específico e deixar a gravar, que a magia acontece por si, mas é nesta decisão que está o "fazer Cinema" - o saber escolher o local específico onde deixar a câmara, e neste aspecto Costa fá-lo como se tivesse descoberto uma mina de ouro para nos deixar entrar pela mina adentro e partilhar connosco o ouro que lá encontrou.


É impossível não nos apaixonarmos por Jeanne Balibar, pela forma como ela, sem uma única vez olhar para nós, nos seduz, nos conquista. E depois há a música, gravada de uma forma intensa pela banda, umas vezes repetindo até à exaustão, noutras criando no momento, fruto de total espontaneidade. Há as variações de luz, há o jogo com o som emitido a seco pelos instrumentos e a voz da protagonista, há o plano fantástico a remeter-nos para o Cinema japonês. É para ir ver e mais não digo.


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